domingo, 9 de outubro de 2011

OS "JOAQUINS" QUE ME GUIARAM...


Identificando imagens e/ou fotos, pela ordem...

Acima:
São João Damasceno; Anjo Anauel (Anjo de “Quim”); Anjo Umabel (meu Anjo);
São Joaquim;

Abaixo:
Santa Ana e Maria; Pássaro, simbolizando meu "Papai Quinca" (Joaquim Avô-Pai),
e Joaquim Marques Almeida Cruz (Joaquim-Amor), o meu querido “Quim”.


Hoje, despertei impregnada de memórias de foro íntimo. Inutilmente, tento mergulhar na leitura… o meu coração não se concentra, nem me deixa espreitar o que anda acontecendo no mundo… e com a autoridade que tem para governar a minha vida, me ordena a falar de “amor joaquiniano”!… Obedeço. E como não poderia deixar de ser, começo, enveredando pelos caminhos da religiosidade, pois em verdade, “amor joaquiniano” tem moradia em meu ser, desde que tive a minha iniciação cristã, “sacramentada” pelo meu Avô Materno, em plena selva cabocla… pois, Ele, temeroso que, eu, recém-nascida/desnutrida, não sobrevivesse, na falta de um Padre, mergulhou uma cuia nas águas de um riacho, e em sintonia com os costumes religiosos que conhecia, derramou água sobre minha cabeça, e me batizou, invocando as Pessoas da Santíssima Trindade!… Quando aprendi a ler e passei a entender a importância dos sacramentos, Ele me fez saber como expressou-se na realização do meu “primeiro” batismo!… Assim: “… Eu te batizo em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Amém”.

Católica de nascença… devota de Nossa Senhora de Fátima e de Nossa Senhora Sant’Ana…  sempre gostei de pesquisar sobre Religião, Santos, e Anjos!… Aprendi coisas bem interessantes em minhas pesquisas… e movida pelo sentimento religioso, misturo aprendizado e informações, para, em prosa e em poesia, homenagear os “Joaquins” que me guiaram! 

Alguns estudiosos e historiadores afirmam com base em documentos antigos, que “Joaquim”, cujo nome vem do hebraico e significa "preparação de Javé", era um homem de posses, descendente direto do rei Davi, e parente próximo de São José, que veio a ser esposo de Maria e pai terreno de Jesus.

 “… E muito embora os Evangelhos nada refiram sobre a infância da Virgem Maria, nem de seus pais, contudo, os chamados evangelhos apócrifos, escritos durante o século II, com grande liberdade poética, para, digamos assim, satisfazer uma certa curiosidade dos fiéis, narram, entre muitas outras coisas, o milagroso nascimento de Maria, de pais idosos e estéreis… assim, pois, um desses textos apócrifos refere que por não ter descendentes, foi recusada no Templo de Jerusalém, a oferta que Joaquim, como bom judeu crente, ia fazer ao Senhor. Diz o mesmo texto que Joaquim se retirou muito triste, e sozinho, subiu a um monte para rezar e jejuar. Ao fim de 40 (quarenta) dias teve uma visão de um Anjo que lhe disse que Deus acolhera a sua prece, e por isso, sua esposa, Ana, conceberia a mulher mais formosa e pura do mundo – Maria”.

A bela cidade de Damasco (Síria), em 675 tornou-se o berço natalício de um de seus mais ilustres filhos, e também aquele que levaria o seu nome a todos os continentes: João Damasceno (de Damasco), teólogo, espiritualista, orador, escritor, e declarado Doutor da Igreja, pelo Papa Leão XIII, em 1890. Suas obras fazem sentir o frescor da doutrina patrística oriental. São João Damasceno, ao comentar o “Natal”, fala dos pais de Maria como sendo o casal São Joaquim e Santa Ana.

Santa Ana era comemorada em dias diferentes no Ocidente e no Oriente. Em 25 de Julho, pelos gregos; e no dia seguinte, pelos latinos. A partir de 1584, também São Joaquim passou a ser cultuado, no dia 20 de Março. Só em 1913, a Igreja determinou que os Avós de Jesus Cristo deviam ser celebrados, juntos, no dia 26 de Julho.

O meu interesse pela religião, além de alimentar o meu espírito itinerante, contribuiu para nortear os meus passos de menina, e para lapidar os meus sentimentos de adolescente!… Permitiu-me refrescar o íntimo, mergulhando em águas claras e tórridas… e, quase sempre  me permitiu emergir no território do sentimento verdadeiro.  

Em Caicó, - “minha linda cabocla com cheiro de queijo, manteiga, e melão…” -, temos por Padroeira, Nossa Senhora Sant’Ana. As comemorações religiosas celebradas no mês de Julho, atraem os fiéis, que se multiplicam a cada ano… no dia 26, data destinada aos Avós de Jesus, a população religiosa, praticamente, duplica, pois as comemorações são fervorosamente acompanhadas pelos “Peregrinos de Sant’Ana”.  

O primeiro Joaquim da minha vida, me guiou pelos caminhos da religião

Muito cedo, aprendi a rezar… e eis como represento as minhas incontáveis orações e súplicas:

“Ó São Joaquim e Santa Ana, protegei as nossas famílias, desde o início promissor até à idade madura repleta dos sofrimentos da vida, e amparai-as na fidelidade às promessas solenes.

Acompanhai os idosos que se aproximam do encontro com Deus.

Suavizai a passagem, suplicando para àquela hora, a presença materna
da vossa Filha ditosa, a Virgem Maria, e do seu Filho Divino, Jesus! Amém.

Como vêem, a minha história “joaquiniana” começou com um “Joaquim” Santo!

O segundo Joaquim da minha vida, me guiou pelos caminhos da natureza, da simplicidade, e da esperança

Joaquim Olinto Bastos, meu avô materno… meu cativante “Papai Quinca”… o colo que não esqueço… o porto seguro que nunca me faltou enquanto um coração profundamente generoso, pulsava, embalando as narrativas de um viver intenso, povoado de andanças, buscas, desafios, e mistérios.

Ao lado do meu Avô Joaquim, quantos rosários eu acompanhei ao entardecer, geralmente na hora em que o lusco-fusco dava passagem aos pirilampos. Era sublime, a rotineira ronda ao redor da casa simples, quando, terminadas as tarefas campesinas, “Papai Quinca” tirava o inseparável chapéu de palha, da cabeça… retirava o inseparável rosário, do pescoço… e começava o ritual da devoção, com um expressivo e respeitoso sinal da cruz… em seguida, com os braços para trás, segurando o rosário como se estivesse segurando uma relíquia, sem pressa, ia passando as continhas, rezando baixinho… tão baixinho, que não dava para ouvir o que dizia… E assim, conta após conta, eu acompanhava em silêncio, o significativo rosário… meu coração palpitava forte, louquinho de vontade de saber o que meu devotado Avô tanto rezava… pedia… e, agradecia!…

Depois das orações, era o momento mágico de ouvir as histórias que Ele contava enquanto fumava o inseparável cachimbo, como se estivesse a saborear uma Iguaria Divina. Ele me contava “Histórias Reais”, repletas de aventuras perigosas e de atos de coragem… e também me contava emocionantes “Histórias de Trancoso”, o que bem cedo despertou em mim, a paixão pela literatura de cordel.

Homem do povo… extremamente simples, e ao mesmo tempo, profundamente sábio… o meu “Papai Quinca” me ensinou a ser forte, corajosa, e decidida… e fosse qual fosse a situação, Ele me dizia para fazer o sinal da cruz, rezar, e com Fé e Esperança, seguir em frente!

Ah, meu Joaquim Avô-Pai… meu “Papai Quinca” inesquecido... muito obrigada pelo seu amor, pela sua fé, pela sua bravura, e pelos seus valiosos ensinamentos. Se eu soubesse pintar com as tintas, revelaria o seu semblante que guardo fielmente, na memória do olhar… como não sei, e nem existe foto sua, tento pintar com as palavras… entretanto, sempre que evoco a sua imagem, a inspiração me presenteia com um belo e grande pássaro, simbolizando a liberdade, a determinação, a coragem, e a esperança!

O terceiro e último Joaquim da minha vida, me guiou pelos caminhos do “Amor, Sublime Amor”, e me fez adolescer na maturidade… transcender no desejo… e sonhar inusitados e ousados sonhos!

… 2007, foi um ano de intensas e decisivas mudanças e emoções em minha vida sentimental. “Janela da Minha Rua”, aberta para o mundo, me permitiu conhecer novos e maravilhosos horizontes. De vez em quando, surgiam acenos que me estimulavam a espreitar o cenário mutante!… Milagre, ou, metamorfose, um “borboleteante” aceno d’além mar me encantou o olhar do coração, que, aguçado, mirou uma tela onde esplendia uma acariciante luminosidade misto de sonho e realidade… senti-me contemplando o “ouro no azul”… e então, ao sabor de “POEMAS”, li:

Sou um caminheiro, cidadão do mundo e se os sonhos pagassem impostos seria um mendigo!”

 As aves da mesma plumagem, sempre se unem. Como não unir-me ao “caminheiro, - cidadão do mundo”, que anunciava sonhos de forma tão arrojada e sedutora… eu, que sempre vivi conjugando o verbo sonhar, em todos os tempos e formas?!... A interação atrativa falou mais alto, em sintonia com os sonhos acompanhados de confidências, desabafos, sabores, e cantares!… Jamais esquecerei a ansiedade que andou tomando conta de mim, originária de sentimentos ardentemente desejados. Uma noite, adormeci mais sonhadora que de costume… e sonhei que estava no alpendre de uma velha casa existente em meu “recanto caboclo”!… De muito longe vinha um barulho de água corrente que me impelia a seguir naquela direção… com ansiedade crescente, pus-me a caminhar, entrei na floresta, e fui seguindo… seguindo… até que avistei um rio caudaloso e forte... fiquei olhando a movimentação das águas, e percebi um ponto distante que apresentava um movimento diferenciado… parecia um objeto flutuante… ansiosa, fiquei esperando para ver o que realmente era... e para minha surpresa e emoção, quando o “objeto” estava mais próximo, vi que uma mulher de cabelos fartos e compridos, suspendia uma cesta coberta com uma pequena manta… no momento em que passava diante de mim, estendeu-me a cesta, olhou-me fixamente, esboçou um sorriso, e com expressão enigmática, seguiu correnteza afora…

Aturdida, olhei o interior da cesta, e deparei-me com um bebê.

Desejosa de proteger a criança, iniciei o retorno para casa, mas logo começou a chover… para proteger o bebê, procurei abrigo debaixo de uma grande árvore… ali, encostada no tronco do arvoredo, eu protegi a cestinha com o meu corpo… e então, adormeci profundamente… e dormi por muitos e muitos anos!…

Ao despertar, a cesta havia desaparecido. Diante de mim, havia um homem e uma mala.  

Posso garantir que o emocionante sonho me proporcionou um “despertar” mais ansioso que o “adormecer”… pois, acordei aturdida, sentindo ainda o calor de um abraço demorado e amoroso… tentava decifrar o sonho, e não conseguia… o que mais me aturdia, era não ter ficado claro, se a mala era de “chegada”… ou se era de “partida”!…

Passado algum tempo, - ao sabor da poesia -, o caminheiro cidadão do mundo, - empresário sonhador -, que jamais precisou “mendigar” para pagar impostos de sonhos, porque “sonhar”, é de graça… desenhando sonhos e mais sonhos na Internet, enchia a telinha do meu computador, de ecléticos encantos… eu enxergava um ser com o coração de poeta, com a alma de beija-flor, e com o ar de fidalgo… um ser maravilhoso, que decidiu conhecer-me pessoalmente, em meu “Recanto Caboclo”, anunciando o nosso “face a face” para a última semana de 2007  (de 23 a 30 de Dezembro)… e foi assim, - ancorada no cais do sentimento poético e lírico -, que eu tive a felicidade de receber o ilustre Joaquim Marques Almeida Cruz (Quim), em Natal-RN… com Ele, estava a mala do sonho.

Com a alma em trânsito, eu peço ao primeiro Joaquim (Joaquim-Santo), - e sei que o segundo Joaquim (Joaquim-Avô) vai concordar com o meu pedido, pois sempre compreendeu e procurou satisfazer os meus desejos -, que faça o terceiro e último Joaquim (Joaquim-Amor), entender que, “sem Joaquim”, não sei viver!

Já agora, o meu desejo é ensaiar uns versinhos… só que a inspiração é quase nenhuma… e acho que tem a ver com “falta de Joaquim”. Mas, como sou tinhosa por natureza, vamos ver se consigo gritar o amor que sinto… e, se tenho a sorte de ser ouvida. Em verdade, é preciso que o vento sopre, e que sopre prodigamente; que cruze o oceano, levando o meu grito a um certo jardim do Ocidente; e que faça um passarinho beija-flor sentir a carícia de uma rosa vermelha que se encontra suspirando de saudade, bem na esquina do Oriente, entre o sertão e o mar!

Verso que te quero verso, é hora de versejar…



Os “Joaquins” que me guiaram
têm a minha gratidão!…
Todos três me ensinaram
o valor da afeição!…


“São Joaquim” me ensinou
que a Fé, nos alimenta!…
E hoje, sou o que sou,
porque a Fé me sustenta!


Joaquim, meu Avô materno,
me conduziu por caminhos
de flores e passarinhos!…
E sempre doce, e fraterno
me ensinou, que: bondade,
compreensão e respeito,
são provas de amizade!…
E pulsa forte em meu peito,
um coração muito terno,
que ama com amor infindo…
e guarda do amor fraterno,
um tempo singelo e lindo!


Joaquim (amor encantado),
liricamente, real…
excitante e sensual…
há tanto tempo, sonhado,
ensinou-me a direção
da suprema fantasia…
e ao sabor da poesia,
meu sonhador coração,
transbordante de carinho,
- no auge dos devaneios -,
absorveu os chilreios
de um lindo passarinho!


 … “Beija-Flor” que esperei
com a alma terna e pura…
com toda a minha ternura,
para sempre, eu te amarei!


(Dilma Damasceno)
Natal-RN/Nordeste/Brasil, em 13 de Setembro de 2011

Nenhum comentário: