sábado, 26 de janeiro de 2008

"COISAS" DO MEU VIVER...

No dia 27 de Dezembro de 2007,
com delirante prazer,
cheguei ao meu pequeno “paraíso caboclo”,
em companhia do “Amor”!

Senti uma sensação diferente, ímpar, inebriante, indescritível!

Vontade de ajoelhar-me no altar da imaginação,
e render graças ao “Deus da Poesia”!...
Sim, porque imagino que existe esse “Deus”!...

E mais que vontade,
um desejo irresistível de mergulhar na fonte dos sonhos,
e de absorver o néctar da felicidade!...

E por que não faria isso,
se os passarinhos noturnos estavam a cantar...
se os pirilampos, piscavam lindamente nos juncos...
se a brisa estava a soprar em tom de embriagador acalanto?

... Foi então que me dei conta de que só tínhamos mesmo,
a luz do luar, brilhando na lagoa...
prateando o chão...
e iluminando um cenário fluente de ternura incontida!

Há dias que eu me encontrava aguardando a ilustre visita
do Poeta Joaquim Marques, que decidira atravessar o oceano,
para passar uma semana em minha companhia...
Fiquei tão encantada,
que nem tive palavras para agradecer tão lindo gesto!...
Em verdade, eu só poderia ter balbuciado,
que me senti imensamente honrada,
profundamente feliz,
e literalmente maravilhada!

E aqui, preciso registrar um acontecimento inesperado:

Tudo que não podia acontecer,
era encontrar a Fazenda “Bela Vista”, às escuras.

Ocorre que a Cooperativa de Eletrificação Rural,
havia detectado uma ocorrência na medição de energia
(fato que não era do meu conhecimento):
entendeu que o equipamento de medição encontrava-se defeituoso,
havendo alegado ao meu administrador,
que precisava interromper
o fornecimento de energia,
e colocar um novo medidor, havendo informado ao mesmo,
que necessitava do meu comparecimento ao Escritório,
para assinar o que fosse necessário,
inclusive a negociação de provável diferença de consumo.
Todavia,
a Cooperativa esqueceu de notificar a ocorrência, formalmente...
havendo se reportado verbalmente,
ao meu administrador rural...
Acontece ainda, que no momento de tais acontecimentos,
eu me encontrava em Recife-Pe,
colaborando com a minha irmã caçula
que se recuperava de uma cirurgia...
coincidentemente, em Recife, tive o meu celular, roubado,
razão pela qual o meu administrador não conseguiu falar comigo
para inteirar-me dos fatos...

E foi assim, que, “inocentemente”,
levei o Ilustre Poeta Joaquim Marques
para o meu recanto preferido,
extremamente rústico e simples...
e para variar, “naquele momento”, sem energia elétrica!

Fazer o quê, ao constatar que estava tudo escuro!...
Qualquer providência para restabelecer a energia elétrica,
teria que ficar para o dia seguinte!
Em sendo assim,
eu, que sempre tive fetiche por um jantar à luz de velas,
em companhia de alguém especial, nem pensei duas vezes...
até porque, não havia outra opção, a não ser,
partilharmos um modesto jantar
à luz forçada de algumas velinhas providenciais!...
Se bem que, intimamente, eu estava feliz da vida!...
Para ser mais exata, eu me sentia mesmo, era radiante
com a situação inusitada e romântica...
pois de repente,
lá estava o grande e especial Joaquim Marques,
improvisando um jantar à base de arroz com camarões, e pão...
em Natal, eu havia tido a idéia
de comprar uns camarões - foi a nossa salvação,
já que decidimos ficar alí mesmo - e era só o que tinha
na noite de chegada, considerando que os alimentos
que eu havia deixado no freezer:
carne de boi para churrasco, carne de sol, carne de carneiro, etc...
tudo tinha se estragado com a falta de energia!...

Vale considerar que eu sempre tive uma certa habilidade para
tirar leite de pedra”...
e diante daquele quadro que poderia ser constrangedor,
resolvi “levar tudo na esportiva”...
Em verdade, preferi encarar os fatos com naturalidade...
Isso, porque sempre me deixei influenciar pelo sábio ditado:
Há males que vêm para o bem”!

Para minha satisfação íntima,
o meu ilustre visitante, não se fez de rogado:
abraçou a causa, indulgentemente...
e em pouco tempo, resolvemos trocar a iluminação de velas,
pela encantadora iluminação lunar,
o que motivou um inocente passeio sob o clarão da lua cheia...
um acontecimento cândido e original, como sempre sonhei!...

... O resto, eu não conto!...
prefiro deixar à conta da imaginação de cada um!...
Mas, que foi a noite mais interessante da minha vida,
posso assegurar que foi!...

Hoje,
quando penso na forma como o Poeta Joaquim Marques
conheceu o meu “paraíso caboclo”,
um largo sorriso se estampa em meu rosto...
e então registro os sentimentos que tomaram conta de mim
naquele início de metamorfose,
e que ficaram gravados em meu íntimo,
de forma nítida e perene!...


Lindos pirilampos,
brilham, saltitantes...
parecem dançar!...

E na paz dos campos,
raios cintilantes,
brincam de luar!...

Piso no “matinho
que embala as flores
do meu caminhar!...

Paira no caminho,
Doce odor de rosas,
incensando o ar!


Despertei no dia 28 de Dezembro de 2007,
com o cantar dos pássaros da mata.

As araras, festivas, tagarelavam.
O meu acordar foi ligeiramente preguiçoso,
porém prazeroso e natural...
e “como quem não quer, e querendo”...
convidei o “Menino Quim”, para um banho na Lagoa...
até porque, era “pegar ou largar”...
ainda bem, que o “Menino Quim” resolveu pegar...
melhor para Ele (risos), pois, outra saída
(e era a que restava), seria tomar “banho de cuia”...
isso, porque,
sem energia, a bomba que abastece a residência,
não funcionava...
e portanto, não havia água nas torneiras, nem no chuveiro...
a opção que restava,
seria repetir o “banho” tomado quase no escuro,
já que a velinha esteve o tempo todo, tremulando...
em certos momentos, parecia que ia apagar-se...
entretanto, voltava a iluminar, timidamente!...

Não resta dúvida:
a noite de 27/12/07, foi a mais romântica que já me aconteceu
passar no meu “habitat natural”!

Mas, voltando ao convite do banho de lagoa, o “Menino Quim”,
aceitou o desafio, e mergulhou nas águas barrentas,
impregnadas de salsa...
vale ressaltar que partilharam da “lavação”:
galinhas d’água, patos, marrecos, e alguns pássaros da mata,
entre eles,
o “Carão”, que costuma fisgar os peixinhos mais miúdos,
preferencialmente, as “piabas”...
em suma:
foi um verdadeiro “banho comunitário”...
e faço questão de declarar com todas as letras:
eu, adorei!

Depois,
foi a vez de procurar a Cooperativa de Energia,
para que a vida doméstica e laboral da Fazenda,
voltasse a funcionar normalmente!

Tudo resolvido, fizemos um pequeno tour em Natal,
retornando pela Via Costeira...

Depois de passarmos em meu Apartamento,
convencionamos que era hora de voltarmos à Bela Vista,
onde já era possível saborear cerveja bem gelada,
ouvir música, etc...

Havia muito o que conversar... muito o que contar...
E tanto conversamos, que perdemos a noção das horas...
Quando nos demos por conta, os galos já cantavam...
a madrugada alta, anunciava o novo dia...
a noite, havia voado!...

Ao amanhecer, pegamos a estrada...
o Poeta Joaquim Marques iria conhecer o meu
sertão sofredor”!...
Para ser mais exata, o nosso destino era Caicó,
a minha terra de origem!...


(Dilma Damasceno)
Portugal, em 26 de Janeiro de 2008

Um comentário:

Divinius disse...

Gostei de ler:)
A LUZ QUE TE DEIXO É DA COR DA MIMNHA VIDA...)
Bom fim de semana:)
Comenta o meu blog:)