segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

ERA UMA VEZ... UMA FLOR!...


A flor diz: "Olho sempre para cima,
a fim de ver a luz e não a minha sombra."
Este é um aspecto da sabedoria
que o homem ainda não aprendeu.
(Gibran Khalil Gibran)


Nascida na aspereza!...
Extremamente indefesa!...
De destino enganador!...
Sem horizonte, sem norte,
entregue ao sonho e à sorte,
era uma vez, uma flor!

As flores, nascem e crescem
entre sonhos que florescem
no campo do sentimento.
Mas, uma simples florzinha,
nada consegue sozinha,
à mercê do desalento.

Os pirilampos desfilam
Sob estrelas que cintilam
no azul do infinito!
Uma florzinha tristonha,
solitária, dorme e sonha
que o amor é bonito!

Colibris e borboletas,
fazem loucas piruetas
sobre os campos e quintais!...
No céu, no ar, e na terra,
a natureza descerra
encantos angelicais!...

E a florzinha lendária,
cada vez mais, solitária,
com o semblante tristonho,
vai seguindo lentamente,
esperando inutilmente
viver seu sonhado sonho!

Que vontade de chorar,
fugir, correr e gritar,
botar p'ra fora o ciúme
por ser tão ignorada,
traída e abandonada,
perdendo assim, o perfume!

No teatro da ilusão,
a flor faz, com emoção,
o papel da esperança!...
Criatura reprimida,
no palco triste da vida,
brincando de ser criança!

Corre a vida. O tempo urge.
A frágil flor se insurge,
mas nada pode fazer!...
Já quase despetalada,
permanece relegada,
sentenciada a sofrer!

Sofre, sofre, intensamente.
Luta corajosamente,
arriscando tudo ou nada.
Mas, no fundo, algo lhe diz
que nunca será feliz,
e muito menos, amada!

Ainda assim, ela insiste.
Ao sofrimento, resiste,
vivendo de "faz de conta".
FAZ DE CONTA que a dor
cedeu lugar ao amor,
e linda aurora, desponta!

Amores, risos, desejos,
carícias, abraços, beijos,
concerto de liberdade,
fazem a florzinha sonhar,
e novamente, esperar
o sol da felicidade!

Espera! Penosa espera!
Infância sem primavera!...
Juventude sem amor!...
No anonimato do mundo,
morrendo a cada segundo,
era uma vez, uma flor!

Era uma vez, uma flor
de destino conflitante!...
Impetuosa e sofrida!
Era uma vez, o amor!...
Solitário navegante,
no oceano da vida!

Era uma vez, uma flor
de coração sonhador!...
Carente e amargurada!...
Ardente, misteriosa,
mal amada e amorosa!...
Uma florzinha de nada!

Uma florzinha pequena,
chorona, qual "Madalena"!...
Orvalhada pela dor!
Na vastidão do deserto,
trilhando um caminho incerto,
era uma vez, uma flor!

Era uma vez, uma flor
que se despediu do amor
no auge da mocidade!...
(Sem horizonte, sem norte,
entregue ao sonho e à sorte),
seu nome agora, é "Saudade"!

Seu nome agora, é "Saudade"!...
Sombra de felicidade,
no infinito, sem cor!
Vítima do esquecimento!...
Sinônimo de sofrimento,
era uma vez, uma flor!

Era uma vez, uma flor
apaixonada, vibrante!...
Estranhamente, arredia!
Sua alma de condor
voou para bem distante,
nas asas da poesia!

Partiu tristonha e sozinha,
travestida de andorinha,
a procura de verão.
No céu do seu infinito,
o sol, outrora, bonito,
passeia sem direção.

As garras da solidão
ferem alma e coração!...
Estraçalham sonho e paz!
O sol, festivo e candente,
vai seguindo indiferente
às marcas que o tempo faz!

Na solidão que lhe resta,
a florzinha manifesta
a sua dor pertinaz!
(Amores, risos, desejos,
carícias, abraços, beijos),
são quimeras!... Nada mais!

Adeus aos ternos anseios,
às paixões, aos devaneios,
aos arroubos do amor!...
Agora, já nada importa.
A esperança, está morta!
ERA UMA VEZ, UMA FLOR!

(Dilma Damasceno)

Um comentário:

Ana Maria disse...

Na solidão que lhe resta,
a florzinha manifesta
a sua dor pertinaz!
(Amores, risos, desejos,
carícias, abraços, beijos),
são quimeras!... Nada mais!

Lindo amiga!
Maravilhoso...
Beijos...