terça-feira, 2 de outubro de 2007

MINHA SAGA (FANTASIA VERSUS REALIDADE) - I



PRÓLOGO


Não tenho uma grande quantidade de amigos,
porque nunca me detive em quantidade,
e sim, em qualidade!
Portanto, os meus amigos, são poucos,
porém são mais que amigos!...
Os laços que nos unem,
são de fraternidade, de ternura, e de solidariedade!...
Em verdade, são mais que laços fraternos, ternos, e solidários!...
São ligações espirituais e superiores!...
Sentimentos puros e verdadeiros,
que transcendem do coração e da alma!

Eu me importo, “e muito”, quando sei que pessoas que gosto,
estão passando por tristezas e/ou preocupações...
e porque me importo, nesses momentos,
gostaria de ter o dom da magia, para tentar distraí-las!...
Infelizmente, não tenho!...
E como agravante, reconheço que sou meio desajeitada
para oferecer entretenimento!

Há alguns anos, eu tentei distrair alguém
que se encontrava profundamente triste!
Naquele momento,
optei por relatar fatos que me aconteceram
DESDE QUE ME ENTENDO POR GENTE,
objetivando desviar seus pensamentos para temas variados,
e, completamente divorciados das amarguras que enfrentava!

Nos últimos dias,
passei a sentir o desejo de falar
sobre os acontecimentos que vivenciei.
Alguns, que podem ser considerados insignificantes,
mas, que posso assegurar:
para mim, tiveram imensurável importância!

Há aproximadamente 6 (seis) meses, publiquei nesta Janela,
um texto intitulado:
A MENSAGEIRA DOS SONHOS,
misto de prosa e poesia...
onde os sentimentos externados, são mais ou menos, assim:

‘Na minha concepção, a vida é feita de ciclos:
uns, positivos e alegres.
Outros, negativos e tristes!
Tentarei mostrar em meus relatos,
os ciclos que me correspondem, destacando neles,
os fatos que fizeram de mim,
a mulher que hoje, sou!
Naturalmente, devo iniciar pela infância,
o que me induz a seguir
uma linha de escrita em completa consonância
com os sentimentos daquela época.

SONHOS COR DE ROSA

Em todo o meu histórico de vida,
nos momentos em que me senti muito triste ou solitária,
procurei driblar a tristeza ou a solidão,
preferencialmente, assim:
estudando, lendo, escrevendo, ou, trabalhando!

‘Eu sempre gostei de ler os romances de A. J. Cronin!
"Pelos Caminhos da Minha Vida",
"Sob a Luz das Estrelas",
"A Cidadela",
"Noites de Vigília",
"Anos de Ternura", etc.,
despertaram minhas emoções de forma intensa e apaixonante!
Se eu tivesse que eleger os melhores escritores do universo,
no estilo "prosa",
sem dúvida, que dentre eles, estariam:
A. J. Cronin; Leon Tolstói; Érico Veríssimo; e, Monteiro Lobato.’
Ler e escrever, são hábitos antigos que tenho!
Se bem, que, em se tratando de escrever,
dediquei-me mais aos versos,
em particular, à literatura de cordel.
Mesmo assim, seja em prosa, ou em poesia,
confesso que
escrever, é o meu grande e verdadeiro vício!

Há os que olham, mas não vêem.
Há os que ouvem, mas não escutam!
Os cientistas, falam com a voz do cérebro.
Os poetas, com a voz do coração!
A natureza, bem sabemos,
é binária!...
Penso, que deveríamos fazer da vida,
um misto de ciência e de poesia!...
Assim, poderíamos dormir,
como dormem os cientistas...
e, sonhar, como sonham os poetas!
De tanto pensar assim,
descobri uma forma de conciliar essa mistura:
"Vivo com os pés no chão... e com a mente nas estrelas"!...

Sempre admirei as pessoas sábias, experientes, qualificadas,
mas acho que a VIDA
é a principal ESCOLA do ser humano, pois, em verdade,
nunca terminamos de aprender, por mais que estudemos!

"Sábio é o homem que sabe tudo de alguma coisa...
e, alguma coisa de tudo!...
Estuda, como se fosse viver eternamente...
E vive, como se fosse morrer amanhã"!

(Quando deparei-me com este pensamento,
não continha o autor.
Mas, sempre achei que se enquadra no estilo
do Padre Antonio Vieira, e também,
no estilo do Poeta Fernando Pessoa).

Enquanto eu puder, enquanto minha mente permitir,
enquanto meus sentidos responderem,
quero ler coisas boas, bonitas, importantes!...

E, quero escrever as coisas que sinto...
com emoção, franqueza, e, simplicidade.’

Acho importante esclarecer que sempre tive a mania
de escrever versos, em forma de diálogo.
Eis um exemplo:


CONVERSA FORA DE HORA!


Eita, menina levada!...
Que fazes, fora de hora,
vagando pelos caminhos?
- Vim saudar a madrugada...
e ouvir, à luz da aurora,
o cantar dos passarinhos!


- Menina tola, é um erro
andar sem destino, assim,
com este tempo invernoso!
- Passei por longo desterro.
Preciso de um jardim
e de um sol luminoso!


- Deves voltar para o leito!
Necessitas descansar,
pois a noite, não findou.
- Não posso! Tenho no peito,
uma canção de ninar
que a voz do tempo, calou!...


Quero ouvir essa canção,
ao sabor da brisa mansa!...
Como se fosse a ternura
me embalando o coração,
devolvendo a esperança,
e adoçando a amargura!


- Estás a facilitar,
deixando assim, teu recinto.
Em verdade, és muito louca!
- Nisto, não quero pensar...
Das mágoas, ainda sinto
um gosto amargo na boca!


Meu coração, contrafeito,
já sofreu tantos assaltos...
foi tão roubado, no amor...
que decidiu, ao seu jeito,
sonhar os sonhos mais altos,
correndo o risco da dor!


- A noite é uma criança...
de negro, fantasiada!...
Dos mistérios, passarela!
- É um crime sem fiança,
ficar no quarto trancada,
com uma lua tão bela!...


"Os ideais são como as estrelas:
Não podeis tocá-los com as mãos,
mas como o marujo no oceano deserto das águas,
escolhei-os como vossos guias, e, seguindo-os,
atingireis vosso destino".
(CARL SCHULZ)

Já tive a oportunidade de ler muitas histórias lindas!
Algumas, bem tristes, porém, mesmo assim, lindas!
Mas, neste momento, não quero falar das histórias
emocionantes e lindas,
de A. J. Cronin!

Quero falar de uma história mais simples,
cuja linguagem é menos rebuscada,
e nem por isso, menos linda, ou menos emocionante!
E posso vislumbrar no turbilhão de emoções
que fazem parte dessa história,
sentimentos que se identificam com alguns episódios
da minha própria história!
Quero, pois, enaltecer a sensibilidade
de um romancista maravilhoso:
José Mauro de Vasconcelos,
que no meu entender,
se encontrava em completo estado de graça,
quando escreveu:
"O MEU PÉ DE LARANJA LIMA"!

Os sonhos que sonhei na infância,
as tristezas e dificuldades que enfrentei,
a força que precisei ter para suportar as amarguras,
e principalmente,
doce ternura que sempre alimentou minha alma, t
êm muito dos sonhos,
dos desejos,
da força e da ternura
do singular "Zezé" da história!

"Não há limite para a aventura do homem.
Quando Colombo encontrou o caminho
do novo Continente,
não foi apenas pelos ventos e as águas do Atlântico
que ele navegou,
mas pelos ventos e as águas das aspirações de sua alma".
(EMANUEL SWEDENBORG)

Da mesma forma que "Zezé" tinha "o seu pé de laranja lima",
eu tinha "o meu pé de algodão pará"!

Era, o meu pé de algodão pará, que, muitas vezes,
ouvia minhas queixas
e tomava parte nos meus sonhos...
e embora tivesse o nome de algodão pará,
não produzia algodão,
e sim, flores encantadoras,
de uma inesquecível cor lilás,
como nenhuma outra igual!
E, sempre que a primavera chegava...
com suas lindas flores lilases,
deixava o meu coração enlouquecido de ternura!

Em minha Escola Primária, em dado momento,
foi aberto um concurso para eleger o melhor desenho...
que deveria mostrar uma relação com a vida do (a) desenhista,
e, ao mesmo tempo, ser: simples e expressivo!
O (A) vencedor (a), receberia como prêmio, uma coleção de romances...
e teria o direito de escolha do (a) Autor (a), e da Obra!

Jamais tive aptidão para desenho!
Tentei vários esboços, e nenhum ganhava forma.
Depois de várias tentativas desastrosas, comecei a inquietar-me,
até que, repentinamente, pensei no meu pé de algodão pará!
Foi um pensamento providencial e feliz.
Pouco a pouco, eu me surpreendi a retratá-lo na cartolina...
de uma forma tão fiel e transparente, que suas flores pareciam reais!
Em um dos galhos, uma viçosa esperança!...
Suspensos no ar, em direção às flores, borboletas e passarinhos!
O desenho, simples e expressivo, era um retrato vivo,
feito com a alma e o coração!
Venci o concurso!...
E durante toda a primavera daquele ano,
o meu pé de algodão pará,
esteve resplandecente em um quadro de exposições da Escola!...
Eu me sentia feliz!...
Não, por haver vencido o concurso,
e sim, porque o meu lindo pé de algodão, havia conquistado
um lugar na memória do meu aprendizado!
Como prêmio, escolhi uma fantástica coleção de histórias
contadas pelo maravilhoso Monteiro Lobato.
E ainda hoje, quando a saudade daquele tempo, bate mais forte...
eu releio com inusitada emoção,
algumas das histórias referentes ao mundo encantado
que Monteiro Lobato criou!

Como introdução, reconheço que já me alonguei demais!
Acontece que, quando se trata de falar de sentimentos,
perco a noção do tempo, e, muitas vezes, sou traída pela sensibilidade!
Todavia, faço questão de declarar:
as emoções que iniciei descrevendo, são lembranças gratas!...
Lembranças de sonhos, que eram tão somente,
sonhos cor de rosa!...
Nada, além!

Nas próximas publicações,
apresentarei relatos de significativos ciclos que atravessei.
Alguns, vividos de forma natural ou voluntária.
Outros, vividos compulsoriamente!
Permitam-me externá-los, e, se não for pedir muito, me concedam
um pouco de atenção, e, principalmente, de tolerância!
Em outras palavras:
Humildemente, desejo “desabafar”,
submetendo ao conhecimento dos meus leitores,
acontecimentos que me possuíram, ou, marcaram,
no curso de minha trajetória de vida!

E que Deus me ajude a ser compreendida!

(Dilma Damasceno)

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