sexta-feira, 3 de agosto de 2007

UM TRIBUTO AO REPENTE


Neste início de Agosto,
já sinto a brisa prenunciando a estação da primavera,
e como sempre me acontece,
começo a me sentir ligeiramente nostálgica...
Hoje, por exemplo,
despertei com uma vontade louca de ouvir baião de viola...
e de repente, senti o desejo de publicar nesta Janela,
"UM TRIBUTO AO REPENTE",
repetindo a homenagem que em 25/05/06, prestei ao Poeta Violeiro,
GERALDO AMÂNCIO PEREIRA,
Ao mesmo tempo em que confirmo a homenagem,
amenizo
um pouquinho,
a saudade da vivência puramente tradicional...
trazendo à Janela da Minha Rua,
informações sobre um Poeta Repentista que tenho como mito,
e vejo como autêntico representante da poesia de raiz...

Conheci o Maravilhoso Poeta e Repentista,
GERALDO AMÂNCIO PEREIRA, no limiar da minha adolescência.
E logo percebi que me encontrava diante de um talento extraordinário.

“Era astrólogo ou simples poeta? Era o vidente do ar.
Tinha uma loja azul cobalto,
claro céu dentro do bazar. Teto e paredes, só de estrelas:
e a lua no melhor lugar.”
(Cecília Meirelles)

Jamais esquecerei a emoção que senti ao conhecer GERALDO AMÂNCIO!
Eu, que acabara de ler “O PEQUENO PRÍNCIPE”,
do fantástico “Antoine de Saint-Exupéry”,
e me encontrava literalmente encantada com as lições de ternura
que o livro apresenta, julguei estar visualizando “O GRANDE PRÍNCIPE” (denominação minha), que em seguida, substituí pela denominação:
"PRÍNCIPE DA POESIA POPULAR",
considerando a compleição e o semblante do Poeta,
que em verdade, não apresentava traços de beleza física,
mas de uma beleza interior incomensurável,
que esplendia nos “cabelos louros”, nos “olhos verdes”, no sorriso largo,
na voz contagiante, na fluência poética, na eloqüência do improviso,
e muito especialmente, na aura luminosa que o envolvia!...
Manifestação plena da poesia autêntica e ardorosa,
do carisma dominante, da ternura lírica, da empatia milagrosa!...
Não tive outro jeito para prosseguir absorvendo o encanto
da Literatura de Cordel,
a não ser, também me encantando por Geraldo Amâncio!
A primeira cantoria de viola que presenciei,
com a participação de Geraldo Amâncio,
ficou indelével na minha memória,
como verdadeira apoteose de lirismo!
Tive a sensação de encontrar-me diante de uma gigantesca
cachoeira de versos!...
De uma fonte inesgotável de inspiração envolvente e apaixonante!
Na minha visão de adolescente,
o Poeta de "Cabelos de Sol" e de "Olhos de Mar",
figurava, como traduz a quadra que, singelamente,
ousei escrever:


Um Deus da Arte, um Apolo
Itinerante!... Envolvente!...
Conduzindo a tiracolo,
a bagagem do Repente!


O tempo passou!...
Geraldo Amâncio, poeta iluminado, admirável manancial
de inspiração terna e doce, conquistou espaços infinitos
e atravessou delirantes fronteiras!
Em 27/01/1996, recebi do talentoso poeta, um exemplar do Livro:
"DE REPENTE CANTORIA",
que tem como Autores, Ele, e o conceituado Poeta
VANDERLEY PEREIRA,
que infelizmente ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente!
Como dedicatória, Geraldo Amâncio escreveu:

“De uns cabelos desbotados
Que foram da cor do sol,
Para a maior poetisa
Que imortaliza o TIROL.”

“Tirol” é um bairro antigo e nobre, de Natal/RN,
bastante agradável, florido e poético.
Sempre gostei do Tirol, sempre me encantei com a beleza
das suas manhãs ensolaradas,
com a brisa suave que acaricia as flores,
com o verde que a vista alcança, enfim,
com a natureza que toma conta das ruas largas e bem cuidadas.
A gentil dedicatória,
mexeu e remexeu com meus “hormônios emocionais”,
aumentando a saudade do lirismo de antigamente.
Com a alma impregnada de ternas lembranças, escrevi:


Eu bem sei que no Tirol,
Toda vez que eu passar,
Verei Cabelos de Sol
E olhos verdes de Mar!


O tempo, que não pára de passar, continuou passando,
e com perfeita maestria,
GERALDO AMÂNCIO lapidou improvisos e criações!
No manejo da inseparável viola,
multiplicou o seu acervo de jóias poéticas,
e transformou-se em preciosa mina de versos,
cuja formação é modelo de inteligência, sensibilidade,
sapiência, arte, e ciência!
E se no início de sua carreira de Poeta e Repentista,
conduzindo uma bagagem de versos e sonhos,
Ele fazia jus ao título de "GRANDE PRÍNCIPE",
agora, com o seu acervo literário, pleno de:
realizações, crescimento, sucesso, ações, e reconhecimento,
indubitavelmente, faz jus ao título máximo!
As estradas, por Ele percorridas, resultaram em horizontes de luz!

A poesia, gerada nas entranhas da improvisação,
criou raízes fecundas e profundas!...
Ramificou e se expandiu. Germinou. Floriu. Cresceu e encantou!
Embalada pela Mãe Natureza e Abençoada por Deus,
a poesia de "GERALDO AMÂNCIO", amadureceu!
Sua trajetória começou pelos Versos e pelos Baiões de Viola, depois,
transformou-se em Grandes Cantorias, em apresentações no Rádio,
em memoráveis Congressos, e em diferenciados Eventos importantes.
Adentrou nos Estúdios, e passou a ser vista no Disco, no CD, e no DVD.
Ingressou nas Editoras, e está nos Livros.
Tornou-se gloriosa na Imprensa Falada e Escrita.
E sem dever nada ao universo da comunicação,
vem crescendo e conquistando espaço na Televisão e na Internet!
Arte espiritualizada, que contempla na essência,
a história do homem da terra...
as tradições, o folclore, os usos e os costumes, nos contextos:
local, regional, nacional, e internacional.

Na hierarquia dos títulos, GERALDO AMÂNCIO, mudou de colocação.
Deixou de ser Alteza para ser Majestade!
E no Reinado Milagroso da Poesia Popular, merecidamente,
passou a brilhar "UM GRANDE REI"!

Mais do que antes, faço parte do seu exército de admiradores.
E quero transferir a admiração que sentia pelo "PRÍNCIPE",
agora, para o "REI",
cujo Reinado, não tenho dúvida, será Vitalício!
Em sintonia com a dedicatória que me foi endereçada
em tempos pretéritos, e pedindo vênia ao admirável Poeta,
para fazer “minhas”, algumas das suas palavras,
eis-me a registrar em versos:



O meu tributo, ao Poeta
de “cabelos desbotados,
que foram da cor do sol”,
e agora, são prateados!


Esta “Aprendiz de Poesia”,
que entregue à fantasia,
o “Tirol”, tanto cultua...
diz porque, eles mudaram:
Certamente, desbotaram,
Pra ficar da cor da lua!


E quanto mais poesia
jorrar do seu coração,
mais perto eles vão ficar,
da alva cor do algodão!


Os seus cabelos de sol,
Com o tempo, clarearam!...
Porém, seus olhos de mar,
"esses", em nada mudaram!...


Nem mudarão! E portanto,
a troca que o tempo fez,
só aumentou o encanto
do “Cantador de Vocês”!


Entre “Vocês”, eu estou!...
E procuro inspiração
para dizer como é grande
a minha admiração
pelo Poeta que canta
e aos ouvintes, encanta
com seus versos e desvelos,
exaltando a natureza,
sob a luz da madureza
que prateou seus cabelos!


Às lembranças que guardei,
o meu coração se rende,
enquanto a alma, flutua!
Seja Feliz, "Grande Rei",
com esse brilho, que esplende
em seus "Cabelos de Lua"!


(Dilma Damasceno)

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