segunda-feira, 12 de março de 2007

FANTASIANDO...


“E se alguém me amasse?
Se alguém, de repente, chegasse e, vendo-me,
reconhecesse a chuva, a terra e o sal que buscasse?
Entre o temor e o sobressalto,
talvez fugisse, talvez risse, talvez cantasse,
na incerteza e no medo de entregar-me.”
(MARIA JOSÉ DE QUEIROZ)


O dia vai terminando,
e entregue à fantasia,
as mágoas vou afogando
no poço da nostalgia.

Não há ninguém ao meu lado,
mas sinto grande emoção!...
Tenho um encontro marcado
com a Senhora “Ilusão”!

Tentando encontrar a sorte,
castelos de amor, eu fiz.
Meu coração bate forte,
na ânsia de ser feliz!

De repente, ouço uma voz:
- Ô de casa! Posso entrar?
Podemos falar a sós,
aqui, ou n’outro lugar?

- Claro, bondosa Senhora!
Eu estava a sua espera!
- Na tarde que vai embora,
ainda é primavera!

- Por favor, fique à vontade
na minha humilde palhoça.
Não olhe a simplicidade!...
O fato, é que sou da roça!

- Isto não tem importância...
Eu gosto da singeleza.
Mas, em qualquer circunstância,
sofro com sua tristeza.

Lamento vê-la sofrendo
dessa maneira cruel.
Não estou reconhecendo
seu coração menestrel.

- Vamos conversar um pouco,
sobre a dor que estou sofrendo?
Meu coração, pobre louco,
de tristeza, está morrendo!

- Entendo o seu dissabor,
por querer sem ser querida!
- No labirinto da dor,
minh’alma, vaga perdida!

Meu coração, não suporta
tanta dor, e se rebela!
- “Quando Deus fecha uma porta,
sempre abre uma janela
”!

Esqueça a mágoa voraz!...
Não sofra mais, por favor!
Vim aqui, trazer-lhe paz,
luz, esperança, e amor!

- Depois de tanta atenção,
a dor, já não me revolta.
- Dê adeus à solidão!...
Boa sorte! Até a volta!

- Até a volta! Mas, peço:
volte sempre que puder.
Esperarei seu regresso!
- Voltarei, se Deus quiser!

- Hei de esquecer o gravame
que me marcou tanto assim!...
- Não fique triste!... Só, ame!
- Amarei! – Eu sei que sim!

(Dilma Damasceno)
Novembro de 1987

Post Scriptum
E lá se foram 20 (vinte) anos!... Mas, o filme se repete!
Eis, que preciso muito, marcar um novo encontro
com a Senhora Ilusão!...
Quem sabe, logo, logo, poderei contemplá-la,
da minha janela?

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