terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

PARADOXO


“Tu és flor; as tuas pétalas, orvalho lúbrico molha;
Eu sou flor que se desfolha no verde chão do jardim.
Tem por moda agora os líricos versos fazer neste estilo...
– Tu és isto, eu sou aquilo; Tu és assado, eu assim...”
(ARTUR AZEVEDO)


No espaço azul, tu és o sol. Eu sou a lua.
Tantas vezes cruzamos vida afora!...
Quando passas por mim, me deixas nua.
E tão logo me invades, vais embora!

Na terra branca, tu és fogo. Eu sou água.
Ao me aqueceres, vibro de paixão.
Mal me tocas, meu coração deságua,
e submerge em louco turbilhão!

Na paixão, tu és força dominante.
Não sei conter a minha alma insana!
No amor, és amado. Eu, sou amante.
Tens raízes, na vida. Eu, sou cigana!

Mesmo assim, vez em quando, colidimos,
em represália às leis, e ao reclamo.
Do caminho traçado, então, saímos!...
És macho. Sou fêmea. Tu me amas! Eu te amo!

(Dilma Damasceno)

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