quarta-feira, 9 de maio de 2007

A DOR DO ABANDONO...



Sou genuinamente, “rural”...
E embora não goste de falar sobre meu histórico,
envolvendo grau de instrução e formação profissional,
sou Escrivã e Tabeliã Pública Concursada (primeiro ofício que exerci);
Contadora, especializada na área pública
(profissão que exerci por muitos anos);
Assistente Social (formação que exerço no cotidiano);
e Advogada, profissão que exerço há mais de 20 (vinte) anos!...
Mas, confesso:
gosto mesmo é de escrever cordel...
estilo da literatura, que defendo e aplaudo, com fidelidade e ardor!
Sempre vivi singelamente!...
Sempre convivi com a rusticidade!...
Em síntese:
Sou completamente desprovida de charme.
Mas, penso, que para compensar a minha falta de glamour
(o que, em verdade, não me faz falta!),
Deus me deu intuição e sensibilidade, de sobra!...
Sentimentos que me fazem enxergar, na essência,
a nobreza dos valores internos!...
E que me induzem a falar contra o establishment, sem tabus!
E aqui, tiro o chapéu para a admirável pintora e poeta Luiza Caetano,
que, com perfeita maestria,
soube interpretar fielmente, a minha natural forma de ser!...




No meu peito, qual pássaro ferido,
adeja triste, um coração insone...
O meu olhar vagueia, entontecido!...
Do desalento, eu sou o próprio clone!


Só o outono, me acena... e há pouco, ouvi
um canto triste, despertando a mata...
ouvi também, a voz do bem-te-vi...
e o cantar dolente da cascata!...


Quem sabe, é “neura” do meu coração,
que julga ouvir o som de tristes cantos...
Ou, quem sabe, é a voz da ilusão,
a embalar os meus doridos prantos?!...


Pois, quanto mais procuro explicação
para o delírio que me rouba o sono,
mais me sinto a mercê da solidão...
Mais dói em mim, a dor do abandono!


(Dilma Damasceno)

Um comentário:

Joaquim Marques AC disse...

Quem tem a lucidez de falar assim de si mesmo, sem metáforas ou outras figuras de estilo, merece ter muito claras as noites e radiosos os dias cinzentos. Vergo-me, respeitosamente, perante tamanha luciez!